H@ VIDA DEPOIS DOS 40

...com pensamento, opinião e poesia em doses homeopáticas...

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

dolce far niente



quando nada se faz
há muito por fazer
e o pensamento em rodamoinhos
navega lagos, mares e oceanos
revolve a terra
abre o céu
e rompe o universo
em prosa e versos
jamais imaginados
os sonhos são visões
e os planos se encastelam
no fundo
cada homem é apenas um menino
brincando de viver
enquanto assiste e participa
da aventura
de construir o próprio enredo
e em meio a dores e folguedos
prosseguir
passando a escuridão do anoitecer
que avança pela madrugada
e até o dia amanhecer
pra vir e ver o sol na aurora
em cada instante
no decorrer de cada dia
a iluminar seus passos
no caminho...

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Carta ao PSDB

Entrei no site do PSDB para manifestar a minha indignação e repudiar a conduta de sua liderança no início desta legislatura que promete superar aquela que sucede e que foi provavelmente a pior de todas as que o Brasil já conheceu em sua história. Só para me antecipar e esclarecer qualquer mal entendido, quero frisar que a minha condenação é pontual ao PSDB e não significa nem de longe qualquer absolvição ao PT que, nesse caso, será o maior beneficiário da atitude condenável da liderança peessedebista que vinha até então recebendo o meu apoio, voto e simpatia e que arrisca perder tudo isso - e não apenas da minha pessoa, - se continuar insistindo na infidelidade aos mais nobres paradigmas de seus idealizadores no passado.
Deixei lá a seguinte mensagem:

"Tenho muita saudade dos inícios do PSDB. Eu ainda era jovem e via um partido social democrata surgir dos quadros mais brilhantes remanescentes dos escombros ideológicos do velho MDB. Mas hoje me deparo comigo mesmo totalmente frustrado com a conduta do partido. Negociações feitas sob o pano para acobertar erros próprios e alheios, interesses pessoais e carreiristas se sobrepondo ao partido, precipitações em apoios, defesas de uma tese indefensável de aumento dos salários para deputados e senadores num país miserável... Me parece tão evidente que a hora é a de apoiar uma terceira via na escolha do terceiro cargo mais importante da república - mas não, vão apoiar um petista que usa o aumento dos deputados como sua maior arma eleitoral. Será que o PSDB também fechou os olhos e ouvidos ao clamor da população e, está desejoso de expulsar os simpatizantes de sua antiga aura social democrata?! Lamentável, lamentável, lamentável!!!"

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

autismo poético

Porque sempre brigam meu pensamento e as palavras? De fato, as palavras depois de escritas ganham autonomia e passam a ser do mundo assim como o é aquele que as escreve: um poeta, um mero intérprete da aglomeração das letras por vezes ensandecidas e descontroladas... E o pensamento que as enseja e as corteja e as deseja... O pensamento é refém das palavras, ou acontece o oposto - as palavras são reféns do pensamento. Ou talvez seja apenas o poeta um pobre refém das palavras e dos pensamentos...

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

clima denso

porque penso no clima e na estação?
talvez devesse pensar no efeito estufa
e na quantidade enorme de besteiras
que a humanidade comete desde sempre
tem tanto lixo na rua...
material e humano
tem tanto lixo na mente
realidade e fantasia
tem tanta gente no lixo
humano e desumano
não posso ser gari do mundo...
mas tento me manter limpo
economizando a água e as lágrimas
e esbanjando o branco do sorriso
no mais, estou a caminho
porque quem fica parado é poste
e não gosto de me sentir sozinho...
seria bom poder resumir a vida
num longo e demorado abraço
e ter ao fim por epitáfio
uma frase generosa
viveu e amou
tudo o que podia...

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

arqueiro

afrouxa o arco após a flecha disparada
e assiste indiferente o seu trajeto
quer fira um peito e cause a morte
ou crave o ponto negro demarcado
não passa de matéria imune a sentimentos
mas quanto ao arqueiro que o retesa
mira e desfere o tiro calculado
verte suor algoz e acelera o pulso
quer ganhe, perca, ou simplesmente mate
depois pendura o arco e sua aljava
celebra o fausto ou cala o fracasso
indiferente feito a arma pendurada
somente o alvo perfurado
ou sua vítima tombada...

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

justificação poética

o poeta só se expressa
pela força de um lamento
um gozo, um grito, um espasmo
uma dor, um sofrimento
por algo que tem vivido
ou sentido fingimento
seja próprio seja alheio
de hoje, amanhã ou nunca
de ontem ou qualquer momento
mas quando o poeta cala
o seu silêncio é a fala
que revela o sentimento

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

retrato de um sentimento alheio

Quando assoma aquela angústia sorrateira, a hora se faz despida dos minutos e jaz desarvorada sob os escombros de um relógio antigo com ponteiros desgastados. Jazendo ali sem cordas, sem pêndulo e sem os tiquetaques para demarcar o tempo, um zumbido entediante povoa todos os sentidos. O nonsense impera sobre o todo desvalido, restando o vazio da expressão e uma tristeza sem motivo. Passos autômatos e arrastados conduzem o corpo exausto. Funda ressaca após a guerra das entranhas, coração descompassado - olhar fugidio. E depois só resta o medo, o torpor e o fastio. Tudo isso junto em uma manhã cinzenta de janeiro quando ao anseio de um futuro luminoso se une a saudade imperiosa de um certo momento do passado. E o hoje é comprimido à exaustão, até murchar, até desvanecer, até ficar vazio!...

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

seres luminares

vagalume
acende o facho
põe teu foco nos meus passos
pois caminho com cuidado
para a estrela adormecida
não ficar enraivecida
e do sono acordar
sapo intanha
não coaxe
cala a venta sem impasses
pois a bruxa enternecida
se apaixona pela vida
te faz príncipe sonhar
passarinho sobrevoe
minha mente acinzentada
espargindo vivas cores
camufle as decepções
e reverta estes humores
de viver à contramão

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

brindando 2007

o hoje é sempre novo
na contagem dos meus dias
e é o espelho do tempo
somando sonho e razão
mas livre das maquiagens
dos sustos e das vertigens
já não procuro remendos
nem anseio disparates
me acalmo no mar sereno
que é tão grande
e eu pequeno
derivo neste meu canto
multiplico e não divido
incompleto me completo
pois de tudo sou um pouco
sou santo
louco
feliz
...