H@ VIDA DEPOIS DOS 40

...com pensamento, opinião e poesia em doses homeopáticas...

quinta-feira, 30 de junho de 2005

sob a inspiração do cinema

a alegria vem das coisas pequenas
coisas pequenas são sementes
e elas podem germinar
em pessoinhas carentes
mas cheias de amor pra dar

quando assisti o filme
About Schmidt, de Alexander Payne
protagonizado por Jack Nicholson
me sensibilizei com a idéia
de apadrinhar uma criança

um ser desconhecido no início
depois se lhe aprende o nome
o gênero e o sobrenome
e as tantas carências

foi assim que conheci o garoto
seu nome: Manoel
nordestininho, pequenininho
e já enfrentando a vida bravamente

e descobri a visão mundial
e a imensidão de crianças carentes
que precisam de apadrinhamento
e suporte afetivo-financeiro em suas vidas

já que falham os governos
não se omita a sociedade
quem tem pão à saciedade
e vê tanta gente sem ter...

aderi...
adira você também, se puder!



quarta-feira, 29 de junho de 2005

Dia Nacional de Luto


Visite o site criado para este manifesto e
participe também desta ação cívica de protesto

terça-feira, 28 de junho de 2005

amanhã: dia de luto nacional

não há como assistir impávido
a sanha predatória
das aves de rapina nacionais
o desencanto é um tipo de frio
intenso e particular
que enrijece os músculos
e desvanece em sangue
resseca a alma
destrói a calma
impede a cama e o descanso
explode em rancor universal
nem adiantam as cobertas
repele o gozo e as carícias
o afeto se transforma em desdém
o trato é desprezível
e faz sentir menor que nada
é o frio de gente
envolta em calotas glaciais
olhares fuzilantes
desalmados
vivimortos
é o céu da pátria
repleto de abutres matinais


PS. não deixem de participar, amanhã do dia de luto nacional.
Use a tarja negra no seu blog e visite o site criado especialmente para isto.
Amanhã postarei a tarja que será támbém um link para a página onde se poderá aderir e comentar o manifesto dirigido ao presidente Lula. Antecipo o link para a página do protesto:


Carta ao Presidente Lula

segunda-feira, 27 de junho de 2005

nostalgia

traído pelos sentimentos
fui envolvido pela música suave
vi a melancolia se mesclando
no vendaval dos pensamentos
de repente a sede de um abraço
materna voz longinqua em acalanto
faz tanto tempo, tanto tempo
e ainda me ressinto de saudades
às vezes quase morro lentamente
e fujo angustiado das lembranças
que me dominam ternamente
na evocada sinfonia da presença
duma segura e meiga voz ausente

quarta-feira, 22 de junho de 2005

flor da infância

as famílias esperam por varões
perpetuando a espécie e o nome
fugindo ao risco da má fama
aos fados e às tempestades
todos querendo brilhos e calor
mas irrompe o frio inevitável
e forma em nós as suas crostas
cíclicas durezas sobrepostas
somente uma criança indefesa
pode invadir as rudes fortalezas
armada de um sorriso infantil
o tempo voa, cresce esse rebento
adentra o mundo adulto
passando a conhecer igual tormento
e em tantas noites mal dormidas
anela a inocência pueril
concebe em gozo extenuado
o resgate da infância em nova vida
e assim povoam essa terra
homens carentes e crianças
em sucessivas gerações

terça-feira, 21 de junho de 2005

flor da pele

olho ao meu redor
a minha pele faz divisa
do lado de fora o mundo
do lado de dentro o fundo
e o que sobrou de mim
percebo o esqueleto
e a árvore dos músculos
diviso o meu crepúsculo
e a flacidez da carne
na alma etérea e quase infantil
lembranças efervescentes da juventude
sobreviverei à minha pele
à minha carne
e aos meus ossos carcomidos
vislumbro o eterno
aquém dos meus sentidos
e além das flores no jardim

domingo, 19 de junho de 2005

alto olhar

estou indo
caminhante
a tatear o caminho
que não conheço de todo
mas sei qual o meu destino
e aonde vou chegar
reconheço as muitas quedas
no esforço de levantar
não me conheço como devia
nem o espelho revela
o rosto do outro lado
camufla meus sentimentos
faz eterno um só momento
não me deixa navegar
quem sou eu
quem eu seria?
quem posso ser algum dia;
se os céus não me ajudar?!...

quarta-feira, 8 de junho de 2005

sereno

hibernante me arrastei por léguas
só agora reassumo a nau
e vou vagar à vela
ao sopro das brisas outonais
não me move a pressa
ainda que surjam mudanças
um tanto na superfície
e nas profundezas algo mais
mas nada que nos assuste
perturbe ou afugente a paz