H@ VIDA DEPOIS DOS 40

...com pensamento, opinião e poesia em doses homeopáticas...

quinta-feira, 28 de abril de 2005

túnel do tempo

tem um jeito certo
de dizer as coisas
e não machucar
sem sangrar o leito
sem ferir o peito
sem desatinar

piso com cuidado
muita reverência
teu solo sagrado
guardo teu segredo
me faço brinquedo
pra você jogar

de rolar na grama
quando quero cama
carinhos e beijos
sopros e mordidas
nestes mil desejos
a te escravizar

ao freio contido
só finjo um gemido
pra te contentar
procuro bem longe
aonde te perdi
milênios atrás

praia do coqueirinho/PB vida mansa

domingo, 24 de abril de 2005

fagulhas

A vida oscila entre movimento e letargia. No meio de um e outra pipocam pessoas e situações relevantes e irrelevantes. Cabeças fervilham em corpos ambulantes porque o pensar é ação autônoma que não cessa sequer durante o sono. E como sonhamos!... Às carências e aos excessos os sonhos são pesadelos e então acordamos. Acho que viver, afinal, é uma alternância entre as vigílias e o sono. Há tempos difíceis de nos situar. Dormimos ou vigiamos? Seria viver um sonho?! Distraídos concentramos a visão em ocorrências vazias: uma folha seca volátil pode nos fazer voar e mergulhamos. Asas ou nadadeiras?! Cabines ou escafandros?! Seríamos anfíbios?!
Tenho muitas perguntas e poucas respostas mas aprendi que o caminho se faz caminhando!... E por incrível que possa parecer eu vivo bem e gosto disso!...

sexta-feira, 22 de abril de 2005

sobre o bem e o mal

o que é o bem?!
tantas definições...
patrimônio
matrimônio
intensidade
condição
escolha
oposição ao mau
e ao que desune
ao que destrói
ao que machuca
eu sou do bem
e vivo bem
avesso ao mal
estou aqui
pra ser feliz
você também
e tudo bem

quinta-feira, 14 de abril de 2005

labirintos

âncora em movimento
queda perpendicular
anseio de paralelas
sem saber onde chegar
avançando sobre as águas
aos gemidos da maré
eu vislumbro pés enxutos
em seus passos encharcados
um lenho seco floresce
em fase crepuscular
certos sonhos juvenis
ainda ousam acordar
mergulhando no passado
presente em nenhum lugar

quarta-feira, 13 de abril de 2005

regresso

de volta à rotina
um tanto fora de ritmo
a malemolência nordestina
é algo contagiante
vive-se menos acelerado
mais sintonizado com
as coisas da terra
o vento, as águas, o mar
o chão pobre é pródigo
em cores, cheiros e sabores
os sentidos são testados
quase ao limite
o corpo entontece ao calor
água de coco o refrigério
de noite a brisa morna
açoita a pele
e de dia o sol causticante
nos empurra para as sombras
a natureza nos dá colo
o rústico solo
o banho de mar
e um céu cheio de estrelas
o nordeste é o lugar
e quem sabe algum dia
venha a ser o meu lugar!...